Caderno de Contribuições do ENECOMP
Regulamentar pra que(m)?
Um dos assuntos que deve gerar mais polêmica neste ENECOMP certamente será a regulamentação da profissão.
Para falar a favor criam-se valores, até mesmo substituem-se responsabilidades. O que devemos ter em mente é que um conselho não possui a atribuição de fiscalizar a formação acadêmica dos estudantes de graduação, esse dever é do MEC! Se existem "universiesquinas" por aí, é porque não há uma fiscalização efetiva por parte do Estado e é dele que devemos cobrar. Essa é a nossa responsabilidade. Não apenas como estudantes!
A ilusão que se criou que "um conselho vai resolver todos os nossos problemas" é muito grande. Um conselho não se faz necessário em nossa área por conta de ser um segmento que não tem um contato direto e/ou perigoso com a sociedade. Não é atribuição do conselho defender interesses do profissional, mas sim da sociedade. Quem defende o interesse do trabalhador da área é o sindicato e sua respectiva federação/confederação.
Não podemos ter medo do mercado. Se realmente acreditamos em nosso potencial acadêmico, na
nossa formação (afinal, antes de entrarmos em uma universidade, primeiro avaliamos sua
qualidade) não podemos ter medo do "mau profissional", afinal se este não possui a formação
adequada, certamente não haverá competição (ou se ocorrer, a mesma será desigual, é claro).
O conceito de ética e responsabilidade deve ser encarado como a formação do ser e não ma
regulamentação da profissão. Um profissional "picareta" pode ser denunciado a qualquer órgão
público de defesa da sociedade (como o Ministério Público, por exemplo) e o mesmo pode se
dizer das "universiesquinas", tendo o MEC esta responsbilidade de fiscalizar. É inimaginável
que alguém realmente possa acreditar que de posse de uma carteira do conselho, esta terá um
atestado de bons antecedentes...quase um atesto de origem! Além disso, temos os crimes de
internet, acesso de menores de idade a lan´s, venda casada em banda larga, e-cpf, inclusão
digital etc etc...estes são de responsabilidade do Estado e de seus instrumentos executivos
(ministérios) e normativos (câmara), como Ministério da Justiça, da Educação, do
Desenvolvimento Social, da Ciência e Tecnologia por exemplo.
Se pregamos o conhecimento livre através do nosso foco de atuação, devemos ser livres também
em nossa atuação! É impossível delimitarmos o que é e o que deixa der informática, até mesmo
por conta de sua natureza evolutiva. Não podemos esquecer que diversos (excelentes)
profissionais conheceram seus primeiros bits sozinhos (autodidata). E então, o que faremos com eles? Deixaremos os mesmos fora do mercado? Obrigaremos os mesmo a procurarem uma graduação e assim criando um novo nicho de mercado? Imaginem quantas "universiesquinas" teremos...até porque sabemos que as universidades públicas não terão como absorver todo esse contingente dado o seu frequente sucateamento. Exames (como o da OAB) devem ser negados!
Que lógica é essa que iremos trabalhar? Um conselho tem mais competência para atestar a
formação do profissional que uma Universidade? Que o MEC? Será que também teremos cursos
preparatórios para o exame do nosso futuro conselho? A formação do profissional se verifica no cotidiano do trabalho e nas experiências por ele adquirida!
Portanto senhor@s, não podemos nos enganar e delimitar o processo evolutivo do conhecimento.
Estamos cada vez mais avançando em TI, não será agora que vamos criar nossa reserva.
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LeandroChemalle - 15 Jul 2006